30 junho, 2010

tenho no avesso da cabeça o pensamento da cabeça
onde escorrem rios de mel na profundidade dos olhos.
ouvem-se no ressoar das lágrimas o voo em espirais de luz
dos pirilampos no cantar do silêncio.
coloco a cabeça num ninho de leite
onde a palavra soluça furibunda o avesso coração:
no interior da cabeça o reverso do tanger dos dígitos
do alto das costas ao rebater das ondas.

resvala o mel no antro da saudade
no avesso dos olhos da cabeça,
onde a veracidade é o vazio da pele.

pelas escamas do corpo das musas,
das bacantes e das mulheres nuas sobre a cama,
colhem-se papoilas no arrulhar das fêmeas pela noite.

na articulação do pensar imaginado,
onde a cabeça é reflexo do verso imaculado,
os meninos correm nos seus pés descalços sobre a relva
e as mulheres amam em camas silvestres junto ao rio.
todas as coisas vivem na simplicidade no avesso da cabeça,
no viver a vida pelo o interior das coisas
no pleno latejar do avesso coração.

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