17 junho, 2010

no veio da nuvem passa um carreiro de paz,
no centro dos olhos do pássaro amarelo
onde outrora descansei os meus ramos mais pequenos.
da boca aberta grita esvoaçando aquela borboleta azul,
entre fagulhas de maçãs e laranjas em fogo brando.
coloco a mão sobre a estrela mais distante
sentindo o leite quente no teu peito de vénus.

sente-se a paz na água do copo sobre a
mesa posta no lado de fora da casa.
a mulher respira a criança que corre na nuvem de paz,
no centro dos olhos do pássaro amarelo,
onde as migalhas das flores cobrem o céu de magnólias pela noite,
na incandescência do afecto do garfo e da faca sobre a mesa,
no colo daquela estrela de leite.

coloco a chave pela estrela no abrir do coração,
exigindo pela força do braço a procura da noite.
pela janela vermelha dos poços passam as fadas galopando no poema,
onde a palavra é na vírgula e sobre o ponto
a construção do verbo secreto do amor.

na água do copo sobre a mesa os lábios descansam no silêncio,
onde o vidro reflecte a mulher e o ar,
e ao longe aquela nuvem de paz
onde descanso o verbo e os meus ramos mais pequenos,
no centro dos olhos do pássaro amarelo.

Sem comentários: