31 maio, 2010

apetece-me a dança entre nuvens,
onde possa sonhar o corpo sentindo-o,
no ritmo incessante do tempo onde te encontro.
dancemos as almas nos nossos braços de árvore
olhos no silêncio, mãos nas mãos.
no toque das ondas e pelas marés,
durante as treze luas do teu útero poesia.

no enleio das mãos encontro o silêncio das almas,
aquele momento total, na rebeldia do coração.
e olho cada pormenor mais pequeno da dança:
retenho-me na ilusão do tempo e recordo-te agora,
na voracidade da pele e da boca,
no sentir presente da vida que me ofereces.
que seja agora o momento da dança,
de olhos fechados, dedos pelos dedos acima,
no subir autêntico da carícia do abraço.

apetece-me a dança do teu colo,
dormindo apenas na palavra,
onde o meu corpo é o respirar do teu,
compassadamente belo.
acordo-me no teu corpo pelo entardecer das uvas,
e por momentos sou o teu cabelo,
as tuas lágrimas e o teu sorriso,
sou borboleta de mil asas,
onda azul no beijo dos olhos.

apetece-me a dança no silêncio,
no ranger da terra,
no baloiçar das folhas de sorrisos,
agora, agora, aqui, aqui.

encontro-me no encontro da dança,
onde somos sós, leves pelo vento.
danças?

26 maio, 2010

no medo, no agrilhoado caminho do temor,
onde o corpo das flores esmorecem
e a luz é mais ténue no alumiar dos olhos,
o medo é apenas desamor.

as mãos são parte da boca,
e o coração parte da terra do mundo,
onde o fogo é ilusão de fogo,
na quimera da vida,
no crescer dos ciprestes onde crescem os longo braços do amor
onde me crio pelo leite da lua.

liberto-me do sangue e da morte,
e de todas as sementes do medo,
onde cardos e flores nefastas crescem
no ferver da mente.

largo tudo pois nada é.
no correr do amor,
na liberdade do amor,
incessante coisa pelo vento cresce
no rebentar das veias e no quebrar dos ossos
onde a alma se prendeu.
apenas o amor torna os teus lábios os lábios
e as minhas mãos as mãos,
no envolver do carinho em papel vegetal,
no acolher do leite das crianças,
nos sorrisos que espreitam nas loucas poesias,
na consumação da liberdade.

peguemos no amor gritando-o,
corramos pelas ruas e pelo vento,
na revolução do abraço e do beijo
onde possamos nascer de dentro do coração da vida.

que diga eu o amor em todas os tempos verbais,
nas várias pessoas no mundo:
que o amor seja a consumar da partilha nossa,
pela boca do corpo até aos dentes.
amo-vos na insensatez do amor
porque o amor é a liberdade de sermos todos.
amo-me-te-nos-vos.
no acolher do amor.

22 maio, 2010

no contíguo estar dos lábios,
no rebentar das ondas, no aroma do vinho,
no amparo da queda...
vive o poema na sede do mundo:
mundo coração primeiro,
na aragem do respirar do prazer,
onde te encontro no sopro de bambu
com água pelos olhos e até aos joelhos.

são os dedos que tocam
mas é a alma que sente...
os olhos do sangue pela garganta,
o transpirar do amor pela areia,
e o grito no ecoar da terra marítima.

os cabelos voam no levitar das asas,
na cadência da perfeição,
no encanto das mulheres, das borboletas,
no descansar de lótus.

abraço o abraço das pérolas,
no rufar do coração e das peles,
pelas rugas e pelos caminhos percorridos
na solidão de estar cheio do mundo,
no júbilo dos passos,
no harmonia do encontro.

que seja na praia com os seus peixes e pescadores,
que seja no céu,
no adormecer do corpo das ondas,
no canto e na dança com que me abraças.

que seja sem sobressaltos grandes,
ou na velocidade do sentir,
no som da loucura e do silêncio.

abraço-te. abraças-me.
em mim...todos nós.

21 maio, 2010

no fechar dos olhos florescem mundos.
vivo por aqui incessante, entre livros e beijos,
tocando a língua e sentido a paz.

o corpo é apenas corpo,
sussurras no respirar das unhas,
a alma é apenas luz,
grito no penetrar no silêncio.

ao longe vê-se o mar é certo,
e sem esforço pressente-se o voar dos anjos
e o canto das mulheres.
sorrio-te sem te ver luz mas sentindo o teu cheiro
a caramelo no derreter das velas.
são belos os momentos em que és vento ou sol ou música,
pois no sentir da vida morre-se melhor:
sem pressas, no fluir das águas.

as palavras são paz que vos deixo,
com sorrisos de arco-iris
e esperanças da vida toda...

porque tudo é apenas terra e vida,
no espiral do sonho onde persisto.

14 maio, 2010

deleito-me no colo que me ofereces,
no afago das asas, no calor da ternura.
são infindáveis as asas do amor com que me libertas.
no aconchego dos olhos descanso os ossos
no adormecer da alma...

aos poucos
deixo-me ficar nas pétalas doces do teu corpo,
ouvindo ao longe o cantar das ervas pela a aragem.

se a vida não existe persisto no colo que me dás,
só hoje no segredo dos lábios de diamante,
entre chás, vinhos e leite.
se a vida existe persisto no teu colo do meu colo imaginado,
onde és borboleta, sonho e mar,
no silêncio demorado da paz.

só por agora o silêncio da alegria,
um momento apenas...ou todo o existir!

os meus braços sãos flores carnívoras no abraço,
e a minha palavra o verbo do amor;
onde o corpo é incensário e livro
e a alma toda a água da compaixão
onde a paz das vidas emana.

no teu colo do meu colo,
onde és porque sou,
nasço também hoje pelos teus poros
no respirar incessante do coração.

porque nada é para além do amor,
e nada é amor para além da existência.
amo-te e a todas as coisas:
o gato que passa no sussurro da noite,
o choro da criança do andar de cima,
os passos dos filhos pela casa toda,
a flor que morre aos poucos na sua beleza,
e a mim que amo a simplicidade da vida.

por hoje o amor é até mais não.

11 maio, 2010

o sol nasceu no centro dos olhos,
miosótis mil caem pelas braços no acordar do sonho.
sabem a vinho e a rosas os lábios da noite
e a leite e a trigo pela manhã...
nasce o dia como nascem os sorrisos das tuas mãos:
na luz que resplandece na ilusão do existir.

e sorris por dentro do sumo das laranjas
e pelos aromas a papoilas do teu ventre.
são de paz os teus lábios,
os teus dentes e a tua língua no sorriso do abraço
e na palavra que foi e que é...
...pois os sorrisos são de tempo nenhum,
são pontos de luz com que pintas os céus na ponta dos dedos.

pego no teu sorriso e dobro-o pelo colo:
limpo o meu sorriso no teu sorriso
sentindo no encanto todas as tuas coisas mais pequenas.

na compaixão de te sorrir
também sorrio no tempo que nos fica.