08 junho, 2010

o olhar no balanço das marés.
aqui e ali uma estrela de anis sobre o peito,
esse peito de maresia e aconchego
no beijo silencioso das mãos e das unhas.

sente-se o palpitar da lágrima incandescente,
no inverso do corpo mais despido.
corpo ultrapassado na ilusão do existir,
no beijo húmido dos joelhos ao umbigo.

é de carmim a promessa que corre pelo vento:
som pela lâmina no afiar do amor,
jura, lume, coisa, pêlo, boca.

é no apego que morre a onda e o pássaro...
é na afeição do respirar que morre a mãe e filho,
o sonho, a sorte, a coisa alguma.

olho o balanço das marés como quem olha o trapézio das marés:
no vai que vem e que vai...
sem esperança ou premeditação,
no movimento do movimento.

no desejo do corpo não corpo,
come-se o pão pelos olhos e pelo sol.
no baloiçar do tempo, no desapego dos ossos,
no silêncio.

entre as amoras e os abraços
existem todas as coisas inexplicáveis e mágicas:
a borboleta que voa, as maçãs pelo chão, o cintilar das almas,
o sentir conjugado no agora,
o olhar no balanço das marés.

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