04 julho, 2010

nos sonhos paralelos da boca das árvores
existe a espuma do rebentar das ondas
e os risos dos pés pequenos brincando junto ao mar.
os peixes saltam junto aos gomos suculentos
no interior da garganta,
na alegria do calor sobre a pele
e no enlevo espasmódico dos teus lábios mundo.

no balouçar das árvores o beijo da boca,
o abraço na longitude dos ramos,
no vacilar das folhas, no quebrantar da luz.
ouvem-se pássaros de voz grave murmurando,
no regaço do rebentar das ondas
junto ao corpo molhado e inerte:
são de sangue as alegrias da boca
e de água as amarguras do teu peito.

do salmear das aves de prata,
ressurge, no sangrar da boca,
o teu nome de fogo no interior da alma,
onde nada é substância para além da palavra;
e no movimento das marés dos olhos,
onde as árvores perfuram o peito no acontecer das raízes,
o estancar das águas do coração
no interior do interior do teu peito.

sorris no adormecer intempestivo da morte,
onde te acolho, por fim,
nos meus braços ramos,
no contentamento de ser terra
e árvore
no teu eterno colo.

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