13 julho, 2010

continuo sentado junto da mesa do céu
no desejo do silêncio da terra,
entre a boca e o ossos das mãos.
passo na inconstância os dedos pelas maçãs
onde pássaros em fogo resgatam o olhar da tua pele.

pego na laranja incandescente pelo sumo
no vislumbre da palavra certa da boca relógio
onde queimo incensos de canela e benjoim sobre os sexos cantantes,
entre danças e alegrias sobre a mesa do céu.

rasgo os palavras nas sílabas certas
aquecendo o coração do mundo na conjugação do amor.
pouso, vagarosamente,
a faca no cimo das tuas pestanas
e acendo-te em fogo de baixo para cima:
da palavra ser
ao poema eléctrico de estar nos teus olhos chuva.

como o silêncio pela laranja em sangue
no respingar da água do mundo pelas unhas das árvores coração,
no lamento do carinho no olhar da tua pele.
coloco as mãos no aplauso dos sexos
debitando o silêncio das letras todos do mundo,
na construção do canto da tua voz sobre a mesa.

no ranger da madeira no apoio das pernas,
perscruta-se o amor no fazer das folhas,
na germinação do silêncio da terra onde te consumo em espasmos.

morro um pouco na várias vidas que nos cercam,
na distância exacta entre a faca e o beijo.
no silêncio da mesa do céu.

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