28 julho, 2010

deixo os teus lábios em migalhas pelo corpo,
no percurso do beijo
no galope dos animais.

pela língua perco as palavras pelos passos,
no trautear do poema esquecido sobre a flor alada.
desejo o leite madrugador dos teus olhos
no crescer das lunares saudades do meu peito,
do desejo frenético de me consumir pelo lume,
na asfixia do ar metálico pela garganta até aos joelhos,

e morro aqui.
em cada palavra, no meu desejo da palavra certa,
na dobra do coração debaixo da almofada de xisto,
no beijo do olhar sobre o decote perfumado de flores e verbos;
flores maravilhosas crescendo dos teus seios de volúpia
polvilhados de canela e açúcar,
desenhando corações dentados na engrenagem do amor.
verbos sacramentais na indiscrição do papel sobre o teu nome
e esse riso ardendo pelas bandeiras vermelhas da carícia.

pouso os olhos e a respiração no desassossego,
no pousar do redondo canto
por detrás do ranger dos dentes de leão.
ouve-se pelos poros o nascer do vento
nas abóbadas do abraço.
no transpirar da alma
no rasgar do sorriso pelas águas dos sexos vivos.

planto o amar em migalhas de palavras
em todos os hemisférios temporais,
sorrindo a vida com sementes de beijos
no teu quente colo,
na excitação do verso!

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