09 julho, 2010

aquando na paz da superfície plena da pele,
onde os suspiros norteiam os amanheceres
no entreabrir dos olhos mundo,
no chegar da calmaria,
o descanso das mãos que me colhem.

sou toda a coisa imaginada e sem sentido,
neste pouco nada entre o passo que vai e que vem,
entre o nascer da folhagem junto aos pés
e o arquejar dos seios depostos sobre a maré.
é na força exacta do navegar do corpo
que o mundo mexe na convulsão da poesia certa:
no verso magnífico dos teus dedos polvo,
no bater do coração poema, da palavra voraz da tua boca alma.

sobre a tua pele estendo a toalha dos lanches imprevistos
tomando o gosto do teu corpo recheado com compotas vermelhas
e por de sois.
e de te engolir com a garganta da alma pressinto-me
no momento exacto de te seres em mim:
na combustão do amor das flores amarelas.

deito-me por fim no interior da terra,
no enterro em que me nasço no teu ventre mãe.
no começar do começar,
no movimento certo de morrer ou nascer também aqui:
e sou água correndo, flor do prado,
caneta inusitada da palavra,
lágrima das grandes árvores da minha infância,
gargalhada musical dos amigos das mãos...
e sou apenas sendo,
no ritmar da paz,
na nudez de estar agora.
e só agora sendo,
sou flor amarela sobre a tua pele.

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