21 julho, 2010

na casca do coração da árvore à beira mar,
no momentâneo fogo do pensar e do existir,
aquela textura do beijo das ondas pela seiva
no borbulhar da língua de areia sobre os olhos.
e os homens cantando no seu alto voo com as chamas dançando nos pés
e os corações na convulsão da terra.

aquela águia de gigantes asas entre o sol e a lua
no olhar das crianças que correm na caruma,
no gargalhar dos tempos da pele da palavra,
no andar andando pelos pés da alma entre as flores.

eleva-se no ar o aroma das almas do mundo,
no verdejante musgo norte da árvore à beira mar,
no sopro do amor das pequenas coisas,
na pedra sobre a mão e na mão sobre a pedra
no elementar encontro de se ser.

e os homens cantando na voz purpura das mulheres,
no emprestar da lua no bater da pele até ao sol:
tudo é terra e água na alma das coisas,
no viver tudo pela casca de árvore,
no debandar do amor no movimento da dança,
no acolher do meu corpo ardendo.

eu pássaro águia no crescer das folhas
relvando o tempo de quase nada,
enraizando o abraço onde te encontro sempre
no arder do amor de dentro para fora
na paz de se ser de fora para dentro.

e o olhar na casca do coração da árvore à beira mar.

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