10 setembro, 2010

por ora sou nuvem navegando no sangue,
céu de ausência dos olhos cerrados, em lágrimas,
flutuando sobre os astros,
luminosa existência de ser água voando,
no canto das estrelas,
no baloiço das flores silvestres no teu cabelo voando.

por ora sou a palavra que explode,
que grita do centro do mundo ao alto da boca,
acordando o coração e a própria morte.
palavra bicho que corre pela pele,
içando bandeiras escarlate nos teus olhos de sonho.

manhãs onde desejo a presença da tua boca,
entre laranjas aos gomos e rios de oceanos acordando.
astros baloiçando sobre as árvores das crianças.
cama que se afunda no remoinho da distância,
no silêncio que nos fica na entrega dos corpos,
fugindo pelo corpo a força da palavra explodindo.
corpo que esmorece ao toque do desamor,
alma perdida no canavial.

por ora sou dor que permanece.
flor que é pedra, borboleta de asas de ferro caindo,
canto mudo,
mãos que caem pelo outono que nos cerca.

por ora sou amor.
sendo nuvem sobre a palavra que explode pela manhã.
inusitado amor que é
acontecendo.

Sem comentários: