19 abril, 2010

sento-me na saliva do desejo,
no abraço das árvores, na candura das nuvens.
o meu corpo é feito de todas as particularidades do mundo,
aquele mundo que te assola a mente e a ponta dos dedos.

toco-te com as pestanas asas de borboleta
no esplendor da altitude dos corpos,
no grito calmo e doce que emerge da palavra.

como-te como se comem ostras,
no ritual do corpo que morre pelo boca,
na conjuntura da água e da carne.

os lençóis voam como bandos de asas
percorrendo todo o céu em espirais de sonho.
chovem flores carmim dos teus olhos de amêndoa
onde o sol se põe no aconchego.

sento-me na saliva do desejo,
no arquear do corpo entre os mundos todos.

riem-se os deuses que habitam na voz,
no contentamento do arrepio,
na queda do apego,
na elevação da compaixão.

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