22 abril, 2010

pegaste pela luz a água do leito.
cheiram a ramos os teus cabelos arco-iris,
e de ocre pintas o sonho das árvores.
árvores que sobem e que descem pela raiz do sonho,
perfurando pela força do poema o coração das coisas.

os teus joelhos cheiram a terra doce e a alecrins da primavera,
e do teu ventre nascem vertiginosas mariposas
com as suas asas em flor e o seu canto de silêncios.

correm os rios em seus percursos furibundos,
desbravando as tempestades do caminho
e alimentado as bocas e os seus dentes,
na revolução do alto das tuas pernas.

é no abraço que sinto a plenitude das paisagens,
daquelas com que vislumbras os meus olhos,
no calor do sossego.
beijo todos os poros com que inspiras a terra,
todos os dias da existência
para além da memória das pedras de âmbar.

e amo todo o teu céu até ao centro da terra,
onde flamejas a chama flamejante do amor e da vida.

de terra foste da terra és.
como eu, tu pela existência do mundo,
nesta casa onde me enlaças, libertando-me.
casa de água e terra pelo coração;
casa de ar doce e terno pela alma.
no teu ventre de terra continuo a nascer e morrer,
terra berço, terra sepultura,
terra imensa e total.

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