29 abril, 2010

no pressentir dos passos pela erva doce
dá-se a respiração da alma.
ouve-se o baloiçar dos ramos e dos cabelos
no embalo das crianças de leite.

cheiram-se as mãos apressadas do devir
e bebem-se os sorrisos de cereja na vã loucura do nascer.

vejo a cabeça no alto da imaginação:
é de sangue e sonho o amor que te recebe.
a tua barriga está presa ao amor da criação...
corto com dentes de rosa a corda da paixão,
na liberdade de seres flor ou animal ou nuvem.

olho-te com os olhos das lágrimas
e com o coração dos gigantes,
na elevação da mais alta poesia
...na inexistência da palavra e na acção do verbo.

é com beijos que recebo o anjos caído:
ser roubado aos céus e aos deuses
pelo esplendor da carne.

és baptizado no leite que jorra da tua mãe,
mulher agrilhoada em flores pela vida dos filhos.
mulher que lambe os filhos na combustão do amor,
na intensidade dos filhos geradores das suas mães.

os homens pinguins abraçam a criação dos filhos
e nas suas mais altas mãos estendem os seus cravos
às águas e aos céus,
no acordar da roda cosmogónica do amor.

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