26 abril, 2010

da cabeça habita a existência do eu.
cabeça na iminência do vazio e do tempo.


cabeça sacrário da criança passada:

com mãos vacilantes e sonhadoras.

criança secreta e sombria,

criança projecto do mundo,

criança performativa do silêncio.

eu criança inexistente refém da cabeça do eu:

velha pelo tempo e esquecida pelo corpo.

corpo em metamorfose total,

corrompido no momento presente e passado.


cabeça canibal dos dias,

devoradora da existência no envelhecer do sangue.

cabeça sonhadora do eu:

eu imaginado pelo eu,

construído num mundo palco,

encenando os verbos da vida…

vida contida na cabeça do mundo.


o eu vive pela cabeça do eu,

na realidade do eu cabeça.

morre o eu no encerrar dos dias,

e com o eu morrem todas as visões da vida.


o eu é nada.

o eu é passado passado.

eu imaginado na construção do mundo.

eu universal nas águas do cosmos.

Sem comentários: