da cabeça habita a existência do eu.
cabeça na iminência do vazio e do tempo.
cabeça sacrário da criança passada:
com mãos vacilantes e sonhadoras.
criança secreta e sombria,
criança projecto do mundo,
criança performativa do silêncio.
eu criança inexistente refém da cabeça do eu:
velha pelo tempo e esquecida pelo corpo.
corpo em metamorfose total,
corrompido no momento presente e passado.
cabeça canibal dos dias,
devoradora da existência no envelhecer do sangue.
cabeça sonhadora do eu:
eu imaginado pelo eu,
construído num mundo palco,
encenando os verbos da vida…
vida contida na cabeça do mundo.
o eu vive pela cabeça do eu,
na realidade do eu cabeça.
morre o eu no encerrar dos dias,
e com o eu morrem todas as visões da vida.
o eu é nada.
o eu é passado passado.
eu imaginado na construção do mundo.
eu universal nas águas do cosmos.
Sem comentários:
Enviar um comentário