20 abril, 2010

as mãos encerram o segredo do corpo.
segredo fechado na parte interna da língua,
no silêncio do limbo onde a água nos cobre.

o corpo é um poço onde o sangue respira,
onde a alma borboleta voa o amor e a fuga.
poço com a água da noite,
onde em tempos se recriou o corpo
dentro do corpo lunar da mãe.

despeço-me destas águas no encontro com o mar
e num sorriso a alma é um vazio total,
e numa lágrima de éter se condensa todo o momento do existir.
crescem maças pelo mundo com sabor a cereja
e germinam flores no alto das crianças onde as suas almas são dez mil sois violeta.

queimam-se as memórias e as dores do caminho:
no ar caem pássaros de cores sublimes cantando a morte.
nada é para além da morte
e pela morte tudo verdadeiramente existe.
No existir,
no magnânimo existir,
nada é para além do existir.

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