18 janeiro, 2010

uma borboleta cantava madrugadas
com a voz da noite.
as suas asas iluminavam este mundo de baixo de forma plenamente terna.
do baixo do mundo as borboletas são borboletas,
e os dióspiros sabem a coisas que passam pelas bocas.
as bocas do baixo mundo do mundo de baixo segredam o amor,
o amor total e único.
(o amor tem muitos dentes da sua boca de amor;
dentes que mastigam a palavra ainda não dita,
dentes que sonham com grandes asas de borboleta,
asas de água, de ar e de beijos pela língua e pelos lábios).

uma borboleta cantava a vida inteira e toda
com a voz da morte doce, quente e húmida como as mulheres.
porque as mulheres são a antecipação da morte
pois pelo ventre geram as antípodas do sonho.

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