26 janeiro, 2010

deito-me no corpo que me deste sobre a aurora
no engasgar da noite.
sente-se a urgência e a quietação do ar.
lá fora corre o mundo como cá dentro,
porque tudo corre ou está parado na ilusão.

o pensamento vagueia pela pele:
sente-se o cheiro da feminilidade,
do prazer e do sangue que escorre pelos lábios;
lábios que acolhem até ao ventre
e expulsam no abraço do amor.

um corvo transpõe o seu bico até ao osso da alma
acordando os espíritos que habitam na pele:
abrem-se feridas no adormecer dos lábios
e escorrem palavras,
pequenas e grandes,
do interior do mundo do coração.

1 comentário:

P.F. Antunes disse...

Descobri que aqui se esconde um poeta.
um abraço!