19 janeiro, 2010

os passos escondem e ocultam a pele e o cheiro dos sexos,
dos corpos e dos líquidos que nos deixam.
todos os sexos são inexactos, encerrados em seus ovos de muitas chaves.
sentimos as peles que se cruzam pelos passos,
inalamos os cheiros todos das vulvas suculentas
que nos encerram em seus grandes lábios conchas.

os passos são gavetas que nos encerram no tempo
onde secretamente comemos figos doces até ao sangue.
eis que somos exploradores insaciáveis do prazer imediato,
pois na vida tudo é rápido e fútil como a manteiga derretida nos teus seios

os passos ocultam a procura do sal
que brota em grandes poços secretos no interior da terra
onde são conservados os orgasmos e os gritos fecundos do amor.

os passos, todos os passos, transparecem o amor,
pois nele estão contidas todas as coisas finitas com sabor a anis,
pois nada do que é eterno nos vale ou sabe.

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