21 outubro, 2010

vi naquela árvore a resplandecente flor da morte:
suas pétalas como asas de violeta cobrindo a lua
e suas folhas no movimento em espiral de quem se entrega.
da subtileza da existência auscultam-se orquestras de cristal,
e o céu engalanado com ornatos de poema,
palavra imaculada sobre as mães que parem os filhos,
verso da poesia do ventre,
queimando a alegoria de nascer gritando,
entre o sangue e amor do sangue.

enterro as mãos nos poços da tristeza
como árvore que da raiz se sustenta:
sou a árvore da morte
com os meus dedos arrombando a terra,
a paz
como campo de batalha com as suas asas voando,
e as mães no alvoroço do beijo
com o sangue escorrendo dos peixes perfumados.

flor da morte que voa na boca da faca;
lâmina virgem cortando dia a dia a perfeição,
folha cortando o peixe voador na língua do poema
no equilíbrio do poço das flores da morte.
e os ventres no desejo dos homens árvore
com as suas flores de morte nos satélites do beijo.

e as flautas como o canto dos cisnes negros
flutuando na enfado dos poços regurgitando
as águas na ilustração do poeta:
ser com asas de palavras voando através do verbo coração.

vi naquela árvore o poeta da morte
fabricando o mel da palavra por nascer,
procurando o magnífico momento da carícia
na alta torre no cimos dos poços das flores poetas.

poema que nasce no ventre imaginado do poeta
com os dedos tremendo no amor.
poeta que é pelas flores das árvore o
ser magnífico da emoção.

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