04 outubro, 2010

sento-me sobre a palavra que floresce pela noite;
polvos renascem dos grandes plátanos das nuvens,
seus tentáculos de poema no horizonte da lágrima:
água que cai no canto da boca,
chuva no desmoronamento fulcral do acontecimento.

palavra de penas onde descanso o corpo de concha:
corpo que enaltece o rebentamento do verbo,
escorrendo em gotas de cristal pelas rochas do enigma.
canto de escamas no percorrer dos passos sobre a casa,
concha que encerra o mundo pelo ponto,
no acontecer das estrelas brilhando.

palavra que é pelos dedos o expoente da loucura.
cabeça rebentando no interior da letra:
fumo negro dos meus olhos de neve
redopiando a fome das pétalas que caem do sorriso da floresta.
dedos alados no mecanismo do amor,
boca a boca, face a face, palavra a palavra,
no emergir do sorriso das almas
no submergir das lágrimas dos satélites do beijo.

sonho a palavra do amor e da guerra.
amor que é da terra a árvore que se ergue na nuvem,
nuvem que é pelo afecto o beijo do pássaro amarelo,
ave violenta na explosão do abraço,
no encontro dos braços de árvore,
no desejo dos sexos de mel escorrendo pelos dedos.
guerra no encontro dos lábios,
nas mãos no percorrer das pernas, das nádegas,
do úmbigo, dos lábios...
mãos conquistando a pele no percorrer do céu,
via láctea nas boca do desejo,
no toque, na eternidade...

palavra que é a profecia da morte do mundo.
real e sonho brotando nos altos mistérios do acontecer da cabeça,
flor que acontece pela ponta dos dedos sobre os seios,
oceanos de sorrisos na queda das nuvens,
pensamento na rebentação do verbo,
onda imensa do beijo coração.
morte que é pelo amor o acontecer da pedra,
pedra que é palavra, que é cravo,
sonho de relva , acontecimento,
poema.

sento-me sobre a palavra que floresce pela dia;
sendo apenas o coração da palavra
e a palavra coração.

Sem comentários: