28 agosto, 2010

silêncio.
pássaro do infinito na tua boca voadora,
no pressentir da voz do mundo,
subindo pelo bico do pássaro azul estampado no teu vestido de ausência.
silêncio.
água correndo sobre os seixos,
devorando a terra, a pele e o poema.
e tu nas minhas águas silenciosas crescendo,
crescendo gente que nasce pessoa,
ser vigilante com dois ombros, duas pernas, uma boca.
boca silenciosa do interior do beijo coração,
batendo e explodindo em cores omissas no reflexo das águas.

silêncio,
sobre a relva das palavras,
tocando o intocável silêncio do teu corpo,
beijo terramoto, cataclismo,
ventania.
peixe que canta a morte,
pintando com sua voz inaudível o segredo da vida.
amor, criança, sorriso,
copo transbordando, dança azul ou amarela,
andorinha louca voando na cabeça girassol.

silêncio.
mudança muda, na precisão do nada ou tudo,
sendo amor ou ódio ou nascimento.

silêncio.
ouve:
silêncio. fim. começo.
começo do começo. por fim...
nós.
silêncio

Sem comentários: