23 agosto, 2010

aquela pedra imensa de silêncio no encontro dos pés
e no olhar na particularidade do pó que nos fica.
pedra que entra pelos olhos no infinito do coração:
coração eterno do mundo,
coração palavra amor
coração batendo dentro do coração,
doendo gostosamente e batendo pelo vento...batendo.

pedra que pulsa no interior da casa da palma da mão,
no encontro das mãos, dos dedos, das linhas,
nas luas crescendo nos teus dois olhos imensos de vida,
no sol encerrando a longa noite do poema.

pedra que lacrimeja a água que te vai correndo,
nesse rio que trazes dentro,
com teus peixes dançando de azul a eternidade
na beleza incessante das águas onde mergulho respirando-te.

pedra que sendo pedra é a ruptura certa do bater das águas todas,
segredos imensos de carícia do verbo,
pedra coisa onde o amor sempre é.

aquela pedra total do coração batendo,
silenciosamente no murmúrio onde te posso ser e amar,
sendo também pedra do coração que te bate.

e sendo pedra, coração ou coisa imensa,
na sofreguidão de ser o ar, a migalha sobre o lábio,
a estrela gravada no galho da árvore,
o toque do pé na parte interna da tua perna,
sendo apenas a total coisa no centro mais interno do coração da alma,
onde dormi esperando sem esperar o acordar da palavra.

e sendo a pedra da vida da vida,
onde já vivemos o amor grão a grão,
apenas amo:
coisa sagradamente bela isto de ser pedra...
...nada...
...ou coisa do amor.

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