14 maio, 2010

deleito-me no colo que me ofereces,
no afago das asas, no calor da ternura.
são infindáveis as asas do amor com que me libertas.
no aconchego dos olhos descanso os ossos
no adormecer da alma...

aos poucos
deixo-me ficar nas pétalas doces do teu corpo,
ouvindo ao longe o cantar das ervas pela a aragem.

se a vida não existe persisto no colo que me dás,
só hoje no segredo dos lábios de diamante,
entre chás, vinhos e leite.
se a vida existe persisto no teu colo do meu colo imaginado,
onde és borboleta, sonho e mar,
no silêncio demorado da paz.

só por agora o silêncio da alegria,
um momento apenas...ou todo o existir!

os meus braços sãos flores carnívoras no abraço,
e a minha palavra o verbo do amor;
onde o corpo é incensário e livro
e a alma toda a água da compaixão
onde a paz das vidas emana.

no teu colo do meu colo,
onde és porque sou,
nasço também hoje pelos teus poros
no respirar incessante do coração.

porque nada é para além do amor,
e nada é amor para além da existência.
amo-te e a todas as coisas:
o gato que passa no sussurro da noite,
o choro da criança do andar de cima,
os passos dos filhos pela casa toda,
a flor que morre aos poucos na sua beleza,
e a mim que amo a simplicidade da vida.

por hoje o amor é até mais não.

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