18 fevereiro, 2010

na mais alta árvore cai a folha do contentamento:
sobrevoa o mundo e o olhar dos animais em fúria
e cai na velocidade da onda marítima,
criando a espuma na boca das mães
e o tormento dos ossos
no ranger da paz.

estremecem as vontades e os desejos,
os corpos arqueiam-se no espasmo da água,
deleitando-se no colo da mãe
que dorme na invenção do filho.
as bocas sabem a água e a terra,
e o pensamento cor de cereja nos olhos do beijo,
na ganância furibunda das raízes da alma
e na asfixia do verbo feito palavra.

colhem-se as raivas no momento preciso de um instante,
naquele tempo exacto entre o cair da chuva
e o jorrar do sangue.

e tu,
derradeira mulher árvore,
encerras as tuas raízes no centro do tempo
crescendo e voando na autenticidade da seiva,
morrendo pelos filhos em flor de mel.

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