28 abril, 2011

água pela pele inconstante dos anjos,
escorrendo no vapor da respiração,
da transpiração dos cravos de um abril com medo.
os dedos caminhando pela lava do sangue,
ardendo as raízes poéticas do livro do coração.
caem palavras como folhas das árvores dos céus:
amor, paz, amor-amor.
palavras amontoadas pelo chão,
esvoaçando pelo verbo das águas, pelas estações,
pelos dias,
crescendo pelos úmbigo materno das mães.

florescem mulheres de água no oceano da existência;
cheiram a leite os seios frondosos de flores vermelhas,
as línguas roçam o céu da boca no vislumbrar do amor
e o êxtase em espirais de cristal.

rosáceas e cravos florescendo nos campos de nuvens,
no desejo de novas revoluções de flores explodindo
na liberdade de ser pedra, nuvem, água ou pó.

ouvem-se as carícias na pele da mulher que colhi
nos campos lunares,
entre o fumo e as penas das asas eléctricas do amor.
é o amor a existência da água onde existo,
no enleio dos braços e do verbo,
no entardecer de se ser apenas no interior do afecto.

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