12 janeiro, 2011

existe aquele poço imenso no centro do copo de vinho.
a boca sorve o vinho no borbulhar da alegria
e o poço consome a boca e o sujeito da boca.
copo que existe no epicentro da mão do mundo,
no corpo vulcânico da cabeça explodindo em flocos de paz.

existe aquela alfazema de sonhos brotando dos braços,
suas flores pequenas são beijos pela boca das mulheres:
virgens imaculadas da transpiração dos sexos convulsivos do prazer,
do poema sorrindo pelas gotas das uvas e do leite,
e os gritos das mulheres em êxtase no centro do copo,
os olhos vacilando no interior da palavra,
os lábios da voracidade dos lábios
e os seios no contentamento das coisas simples:
a laranja aberta em pequenos gomos no regaço da criança,
o barulho dos talheres no encontro do prato,
os dedos entrando furtivamente na roupa de algodão,
o susto, o gemido, o riso.

existe aquele gesto devorador do espaço,
onde os gigantes existem pela saliva das flores,
onde o abraço é o revolto mar subindo pelos céus,
onde o amor vive agora-agora...
no ínfimo momento onde tudo é:
amor. amor. amor.
bebido no trago inesperado do amor que és.

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